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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

A maçã é um clássico

A maçã é um clássico. Seja no desenho, seja no pecado, é sempre uma boa fonte de inspiração. Mais rica em tonalidades e cores do que em sabores, esse fruto discreto é, todavia, perfeitamente capaz de tentar pela gula, ainda mais quando recombinado com cravo e canela.  Aliás, pensando nisso, boa ideia...

O palhaço e a quarta-feira de cinzas

Mais um Carnaval. A fantasia, contudo, persiste. Porque a vida, às vezes, requer um rosto alegre para disfarçar uma alma triste. Ou mesmo o contrário. Penso, então, no palhaço, figura da qual não gosto. Por mais sorridente e colorido que se apresente, o palhaço sempre me sugere algo meio assustador, meio tétrico. Não gosto de palhaços. Aliás, nem deste, que eu mesma fiz, cheguei a gostar. Então, que ele fique bem assim: proscrito às cinzas. 

Apressadas

Nasceram assim, tão apressadas. Verdadeiramente improvisadas. Porque era preciso fazer alguma coisa, preencher o vazio dos dias, das ideias, da vontade de criar. Que há dias que são todos vividos para os outros, para todos esses demais que estão por aí no mundo. Então, quando se pode esvaziar os olhos e os ouvidos do resto do mundo, é ainda necessário esperar um pouco, até que a última sombra se afaste. Enfim, a solidão. Os dias em casa reservados ao culto do pensamento. Ao culto de si, do habitat daquilo que é intimo.

Do olhar vazio

Quando não ficam cheios daquilo que buscam, os olhares restam vazios. Ocos como as caixas de presentes esvaziadas, como as almas desamadas. Tantas coisas que até rimam. Não importa. Há olhares vazios. Ficam assim quando percorrem inutilmente o espaço e nada encontram senão neutralidades e indiferenças. Detesto olhares vazios. Atrás de um olhar vazio há sempre uma incompetência. Porque não se trata nunca de buscar. A gente não busca, ora! A gente encontra.

A Cortina

Cortinas são um filtro mágico. Elas velam, discretas, por tudo que é interno e particularmente nosso. Por algum motivo, sempre desconfio de janelas que, impudicas, nuas, se dispensam de cortinas, abrindo-se aos olhares da rua. Um lar é sempre uma particularidade substancial, externalidade dos subjetivos que o habitam. Breves contra as indiscrições, as cortinas resguardam alegrias e mágoas, não raro flores que marcam, com suas cores e fragilidades, pontos de fuga que atraem nossos olhos no reduto de nossas moradas. Todos os lares deveriam ter sempre flores e cortinas.

Fundamento

Queria muito encontrar o fundamento dos tons rosados. Essa cor instigante, sempre mais ou menos à beira dos vermelhos, mas mantendo total fidelidade aos imaculados brancos. Misturas mágicas que, vindo do fundo, penetram formas incertas, em metamorfose de orquídeas, e contaminam nossa imaginação com sua trêmula suavidade.

Espontaneamente

A saber por que será que as flores se desenham sozinhas. Chamam a si, por escolha própria, as cores e os matizes, expandem-se ao fundo, sugerem o arranjo. Só que suas escolhas não são sempre felizes. Às vezes,  — e isso talvez por uma questão de gênero, hoje tão em moda —, às vezes elas exageram nos ingredientes: muita cor, combinações bizarras, composições que pecam pelo desequilíbrio. —  Esse azul aí tão demais, um roxo fora de hora... eu poria rosa... — Como mulheres, enfim, quando se excedem no rouge. Penso. Mas não encontro explicação. Só o fato: flores se desenham sozinhas. Espontaneamente.

Copas

Copas. Que as águas o deserto bebe, como mar reverso que absorve e assimila, solve e coagula, alquimicamente, artisticamente.