Depois que acontece, e só depois, eu olho e então vejo o que fiz. Não, não há mistérios. Não há estranhas influências. Há apenas a tua ausência, ela mesma, que se torna um ente. Um ente que é. Ser intransitivo obediente à lógica do desespero, que se projeta em premissas, que cria e recria palavras, que combina e recombina verdades. Ente é o ser que é. E tua ausência, portanto, não é um vazio: é a presença dela mesma. Bem assim. Real. Banal. Tão real que até cabe nesta gaveta de onde a escuridão transborda. Diante dela, uma lápide que recorta um pedacinho de céu e flores que, descombinadas, te levo sempre. Até que, qualquer dia desses, possamos finalmente nos encontrar lá em Nunca Mais.
Cores, riscos e palavras.