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Mostrando postagens de março 11, 2021

Em presença da tua ausência

Depois que acontece, e só depois, eu olho e então vejo o que fiz. Não, não há mistérios. Não há estranhas influências. Há apenas a tua ausência, ela mesma, que se torna um ente. Um ente que é. Ser intransitivo obediente à lógica do desespero, que se projeta em premissas, que cria e recria palavras, que combina e recombina verdades. Ente é o ser que é. E tua ausência, portanto, não é um vazio: é a presença dela mesma. Bem assim. Real. Banal. Tão real que até cabe nesta gaveta de onde a escuridão transborda. Diante dela, uma lápide que recorta um pedacinho de céu e flores que, descombinadas, te levo sempre. Até que, qualquer dia desses, possamos finalmente nos encontrar lá em Nunca Mais.

A culpa é do Freud

 Ainda não me livrei da culpa de sujar papel de boa qualidade. Sei que é meio ridículo, mas faço parte da turma que ama papelaria. Fico fascinada com material de desenho: lápis, tintas, canetas. Sou apaixonada por papel em branco. Quando é papel de boa estirpe , reconhecidamente, caros e especiais em suas propriedades, notadamente absorventes, então, o medo de estragar  é imenso. Me culpo quando compro, porque é um luxo dispendioso, e me culpo mais ainda, quando uso. Ainda assim, o bloco de apenas 15 folhas de Canson está no fim. Morro de pena de estragar o papel em minutos, riscando tudo e pincelando furiosamente a tinta tomada às pastilhas de aquarela já quase no fim. Mas são pastilhas comuns. Sonho mesmo com as importadas, obscenamente caras. Um dia, quem sabe... O superego não perdoa: penso que é desperdício, que vai tudo para o lixo, que é rasgar dinheiro e aqueles pensamentos todos que as almas culpadas bem conhecem. Mas depois vem o cretino do id, sempre liberal e ...