Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro 23, 2020

Muito embora

Comecei a desenhar com certo cuidado até, na expectativa de descobrir que flores viriam. Nenhuma saiu da pontas do lápis. E depois, nenhuma tampouco saiu da ponta do pincel. Mexi com as cores, fui e voltei pelas folhas e pelas hastes. Iluminei e escureci o fundo. Nenhuma flor. Tenho para mim que, desta vez, não houve flores, muito embora o viço das folhas. Muito embora esperasse por elas. Muito embora já seja noite, e muito embora eu saiba que, mesmo que houvesse flores, tu não estás mais aqui para recebê-las de mim.

Marca Registrada

 Sei que existem muitas flores no mundo. Mas as que procuro não existem e, portanto, preciso inventá-las. Saem assim: tortas, desencontradas, estupidas no colorido e na forma. Nascem de gestos brutos, do excesso de tintas, da pressa, da imperfeição que é, enfim, a marca registrada de tudo que é provisório e improvisado.

Nem sempre

 Faz parte do enredo. Uvas nem sempre doces, panos de fundo nem sempre limpos e amparo em galhos nem sempre livres de espinhos. Ao final, tudo se confunde. Não se salva sequer a integridade de um céu nem sempre livre dos borrões das tintas que a água tornou indecisas.