Dificilmente resisto às cores frias. Gosto muito de azuis. Sinalizam que está tudo bem. Um pouquinho de azul que seja, uma pincelada, mesmo escondida, um canto de céu, uma janela aberta, a fresta de uma porta. Os azuis garantem a discrição, o contexto, o sentido: respeitosamente. Mas desta vez só vi vermelhos: escandalosos, alaranjados, indiscretos, promiscuamente mesclados a amarelos. Flores descabeladas, indecorosas e com espinhos. Enfim, flores mulheres, tais e quais elas ficam quando não se coloca ao menos um pouco de azul no fundo, outro tanto nas pétalas, toques discretos ao longo dos caules, tudo como garantia de sua elegância e, é claro, de sua respeitabilidade.
Cores, riscos e palavras.