De tanto pensar que a lógica da realidade só pode esperar no imponderável, me volto agora aos impossíveis que, ao menos, posso imaginar. Lugares impossíveis na geopolítica das maravilhosas cidades invisíveis de Calvino. Lugares impossíveis por onde passeiam unicórnios lilases que nunca aparecem. Lugares impossíveis onde me esperas, simplesmente porque, como dizias, não te vias sem mim. E como não mentias, me recordo das tuas palavras do mesmo jeito que um crente remói suas orações, tentando descobrir nelas algum sinal, alguma direção, algum sentido que possa ter sobrado, ainda que bem escondido, no fundo daquela caixa, lembra? Não. Não vou pela óbvia caixa de Pandora. Esta deixamos aos imortais. Sei que preferias, como eu, a magia dos achados cotidianos, descobertos no oco de uma parede, tal e qual aconteceu, afinal, com Amélie Poulain. Não era, para nós, nem nunca foi, questão dos grandes mitos, tão simplórios, tão fáceis de inventar, tão pirotécnicos e artificiais, sempre exterio...
Cores, riscos e palavras.