Cortinas são um filtro mágico. Elas velam, discretas, por tudo que é interno e particularmente nosso. Por algum motivo, sempre desconfio de janelas que, impudicas, nuas, se dispensam de cortinas, abrindo-se aos olhares da rua. Um lar é sempre uma particularidade substancial, externalidade dos subjetivos que o habitam. Breves contra as indiscrições, as cortinas resguardam alegrias e mágoas, não raro flores que marcam, com suas cores e fragilidades, pontos de fuga que atraem nossos olhos no reduto de nossas moradas. Todos os lares deveriam ter sempre flores e cortinas.
Cores, riscos e palavras.