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Mostrando postagens de dezembro 16, 2020

Simples exclusão

 Pensei que era tarde, que eu estava tão cansada, sem inspiração e sentindo calor. Mas olhei a folha de papel, alisei-a para sentir a leve aspereza que a torna tão absorvente, toquei-a depois mais forte, esperando para descobrir o invisível que já estava desenhado ali. Olhei os lápis coloridos e me deu vontade. É assim que acontece. O cansaço vai embora, começo a riscar e a colorir o que não vejo, não sei, não imagino. Expectadora do que virá, que me esforço por desconhecer. Estranho processo. Lembrei então de que era assim com a gente. Bastava o menor olhar, um toque, um som, e nos entendíamos. Não como eu e tu, mas como um produto dessa dualidade que se desintegrou com a tua deserção. Melhor quando silenciosamente. Do mesmo jeito que me entendo agora com as cores, com o papel e com as letras das palavras. Por uma dessas perversões do espírito, é pelas cores, riscos e palavras que te reconstruo como ausência.  Que faço então? Invento flores amarelas que não são flores, mas si...