Havia tantos nos jardins da minha infância. Encantavam-me com seu colorido, mas estranhava que, tão belas flores não tivessem perfume. Eram flores bonitas mas rebeldes., porque não serviam para enfeitar vasos de flores. Uma vez colhidos, murchavam, tristemente, faziam-se feios, enrugados, escuros. Eu os cozinhava em latas de compota de pêssegos, e extraia um suco roxo, denso, que misturava com água e virava tinta. Brincava assim com essas flores que chamava de Mimos de Vênus, coisa que se ouvia como se fosse Mimos de Vento, mas que pessoas cultas chamavam pelo nome certo: hibiscos.
Os castelos confundiram-se. Não sabem mais o que fazer com a nova ordem das coisas. Porque não fica nada bem para uma coisa servir de abrigo para príncipes, para princesas, para sonhos ou devaneios. Daí entortaram-se. Verdade que os relógios de alguns passaram a andar para trás. Porém, eu soube que foi inútil. Tudo inútil.

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