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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Evocação

Porque evocar é imaginar. É perder-se do mundo para se encontrar consigo mesmo. Mesmo que seja assim: de joelhos, mas sempre orgulhosamente.

Gerânios & Janelas

Gerânios combinam com janelas. Quanto mais se vermelhos, quando parecem acenar aos passantes, como se fossem bandeiras, abanos, mesmo lenços. Vasos com gerânios deveriam habitar janelas, nem que fosse para improvisar boas vindas a quem, por acaso, imaginasse um convite que nunca existiu.

Flores de Banhado

Sim. Flores de banhado. Simples. E tão inesperadas! Cresciam na minha infância, quando, aos domingos, no sítio, iam parar em um vaso grande, de vidro comum, exposto sobre a mesa da sala. Colhidos por mim e por minha mãe, ela sempre com receio das cobras que gostavam de ficar por perto das águas. Lembro dos caules cortados com uma faca afiada, rente à base, para que ficassem com pescoços bem compridos, mais altos que a beira do grande vaso de vidro. Estranha criação, os copos-de-leite. Sempre arrumados sozinhos, em um vaso só para eles. Tempos idos, perdidos. Tempos de décadas atrás, quando havia sítio, copos-de-leite, infância, e mãe.

Vaidade & Lisonja

Não duvide. Andam juntas. Daí os aduladores nem precisarem de muita competência para convencerem os adulados acerca dos esplendores e grandezas de suas qualidades. Mas como representar algo tão feio que se pensa belo? Não sei... mas a vaidade deve florescer na cabeça, a boca aberta pronta a soltar tantas palavras, o olhar seco. A forma pode ser inconcludente, é verdade, mas a figura mostra o seu chifre único e linear. Ele serve para que a gente não se esqueça de que a lisonja tem sempre objetivos muito precisos. Agora, acerca de crer ou não crer, vai da vaidade de cada um. Enfim, a bíblica vaidade das vaidades que o Eclesiastes já consagrou.

A timidez das violetas

Alguém me disse um dia, das violetas, que elas eram tímidas. Eu deveria talvez por aí entender que elas, por pura timidez, se escondiam às vezes sob as folhas. Toma-se isso hoje por poesia, não por verdade. Que a verdade é seca e sem graça, e vai dizer que somos nós que projetamos sobre as pobres violetas os nossos confusos sentimentos.

De surpresa

Rosas virtuais. Sejam. Essas dobras todas, sombras, luz, as poucas cores de meus pasteis secos, quebrados.  A pressa de concluir, para saber se, afinal, elas terão ou não cara de rosas.  Não importa. O desenho tosco de quem desaprendeu de como entregar-se aos riscos, às cores, depois, às palavras, tão mais fluidas, tão menos rebeldes às pontas dos dedos.  Saudade de quando acertava facilmente as formas, os esquemas, quando a luz não teimava em disputar espaço com tantas sombras.  Ainda mais com rosas. As vaidosas rosas, tão difíceis quanto as surpresas que elas quase sempre envolvem quando nos aparecem: lindas, reais, perfumadas, dispendiosas.

Inconcluso

Nesses tempos de tempo imediato, o absurdo nos sugere que concluir é perder tempo. Tudo vira esquema, esqueletos ambulantes inconclusos, incômodos encontros, meias palavras.

Propósitos & Intenções

De que adiantam tantos propósitos e intenções? Os pés no chão buscam a pedra segura, a areia quente. O resto se abstrai, recolhe-se à secundariedade do que não vem mais ao caso. 

Ocos & Ecos

O desânimo é uma carcaça no deserto repleta de ocos e de ecos. Uma cornucópia que se encheu de vazio. Orgulho hipócrita do que se vangloria daquilo que simula ter. Um buraco no ânimo, um vazio de alma, um oco de pensamento, um eco de voz. Mais nada.

Solidão Incomoda

Ah, mas não há nada melhor do que ficar sozinha escrevendo que Solidão Incomoda , em plena noite de 31 de dezembro, e depois colher os frutos dessa lida solitária e plena.

Ao chá

Não às 5h00 necessariamente. Necessariamente, não. É preciso, contudo, que haja cumplicidade, e que a bebida seja mera desculpa para a intimidade. Se houver bolo, ótimo. Se houver sequilhos e amanteigados, geleia (de damasco), conversas, reticências e aquele clima, melhor ainda.

O Vampiro dos Campos Elíseos

O adorável vampiro dos Campos Elíseos conquista corações. Pena a vizinhança desagradável... Veja em:  https://nadamaisdoqueideias.blogspot.com/2019/09/o-vampiro-dos-campos-eliseos.html , agora com estas ilustrações.

Margaridas

De ouvir dizer ainda criança que margaridas eram simples demais. Comparadas a rosas e a orquídeas, naturalmente. Presentear alguém com margaridas seria quase uma gafe. Quanto mais que não cheiravam bem. Ao que me lembro, sabiam a mel. Seja como for, as margaridas têm lá a sua beleza.

Em meio a pedras e nuvens

Porque é a companhia inesperada.  Mesmo no deserto crítico, em meio a pedras e nuvens.  A dois. Bem assim.

Entrar e saber

Entrar e saber o que aconteceu.  Porque no escuro estão todas as respostas a perguntas não formuladas. Portanto, desenhos inacabados são definitivamente a melhor ilustração.

Ary com Y

Ary com y. Bem assim. E eu o conheci também, embora não tenha nenhuma clareza de como era seu rosto. Seja como for, seu retrato pode ser bem melhor contemplado em:  http://nadamaisdoqueideias.blogspot.com/2020/01/tributo-ary-com-ipsilon.html

Mesa posta

Mas o que pensar da janela?  Simples.  Esfriou o café.

Cadáver

Sobre a "carne dada aos vermes", mais um desenho de morte que foi descartado do conto. Farei outros, mais mortais, menos entortados, talvez, por respeito, até menos coloridos. Quem sabe?

Morte?

Morte? Morrida ou matada, a gente desenha, desdenha, apaga, desfaz.

Para sempre

Eternamente, os cães. Meus, teus, nossos. 

Rosas falam

Mas nem por isso dizem sempre a verdade. Que importa? Inventar é bem melhor.