Porque os livros, a serpente enroscada, a luz da vela, o pano vermelho (imagine se tivesse franjas!) todos assim juntos conferem à imagem esse caráter ao mesmo tempo ingênuo e pretensioso. Mas eu explico. Trata-se de uma ilustração. E, quando a imagem se relaciona com texto de maneira servil, isso acontece e até se justifica, ainda mais fortemente quando tudo se passa no universo místico de uma novela na qual os personagens e o tema não têm consciência de espelharem clichês. Mas, à parte essas tentativas de justificação, venho exagerando no improviso das cores e riscos. Na escrita sou mais alerta. Busco cumprir, com rigor, todas as regras, exceto quando o descumprimento espelha algum propósito. Contudo, nos rabiscos, sobrevêm e predominam o que, na escrita, seriam os garranchos. Acho que tenho pressa. Não posso mais dedicar horas a um desenho como dedicava dias a uma pintura. Não tenho tempo, esse precioso elixir do qual a vida é feita. inteiramente. Até o fim.
Eu não levaria tão a sério. Mas, em parte, merece aparecer por aqui esse acidente fotográfico que fideliza uma realidade indiscutível e, mesmo assim, absurda. Portanto, eis um fantasma plasmado. Um fantasma clássico, do tempo dos lençóis esvoaçantes, dos ambientes sinistros, das luzes incertas. Ele parece andar por corredores embaralhados. Flutuante. Leve. Assombroso. Assombrado. Assombração.

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