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Mostrando postagens de março, 2021

Girassóis

Dá para dizer que girassóis são um clássico? Acho que sim. Passaram por muitos pinceis e têm até algum mistério. Minha mãe dizia que davam sorte, que traziam alegria. Então penso que uma e outra nunca são demais. 

Desejo

Muitas cores, muitos contrastes, muitos detalhes. Muita força na água que dissolve os pigmentos coloridos, muita espontaneidade. Nenhum projeto, nenhum planejamento, nenhuma direção, exceto meu desejo de que o imponderável possa novamente permear o real, para torná-lo pleno outra vez. 

Em presença da tua ausência

Depois que acontece, e só depois, eu olho e então vejo o que fiz. Não, não há mistérios. Não há estranhas influências. Há apenas a tua ausência, ela mesma, que se torna um ente. Um ente que é. Ser intransitivo obediente à lógica do desespero, que se projeta em premissas, que cria e recria palavras, que combina e recombina verdades. Ente é o ser que é. E tua ausência, portanto, não é um vazio: é a presença dela mesma. Bem assim. Real. Banal. Tão real que até cabe nesta gaveta de onde a escuridão transborda. Diante dela, uma lápide que recorta um pedacinho de céu e flores que, descombinadas, te levo sempre. Até que, qualquer dia desses, possamos finalmente nos encontrar lá em Nunca Mais.

A culpa é do Freud

 Ainda não me livrei da culpa de sujar papel de boa qualidade. Sei que é meio ridículo, mas faço parte da turma que ama papelaria. Fico fascinada com material de desenho: lápis, tintas, canetas. Sou apaixonada por papel em branco. Quando é papel de boa estirpe , reconhecidamente, caros e especiais em suas propriedades, notadamente absorventes, então, o medo de estragar  é imenso. Me culpo quando compro, porque é um luxo dispendioso, e me culpo mais ainda, quando uso. Ainda assim, o bloco de apenas 15 folhas de Canson está no fim. Morro de pena de estragar o papel em minutos, riscando tudo e pincelando furiosamente a tinta tomada às pastilhas de aquarela já quase no fim. Mas são pastilhas comuns. Sonho mesmo com as importadas, obscenamente caras. Um dia, quem sabe... O superego não perdoa: penso que é desperdício, que vai tudo para o lixo, que é rasgar dinheiro e aqueles pensamentos todos que as almas culpadas bem conhecem. Mas depois vem o cretino do id, sempre liberal e ...

Eu sem mim

Noites, madrugadas, palavras que soam como ruídos e ruídos que soam como palavras. Como assim? As teclas agora mesmo que, tocadas, se reorientam nas letras, depois nas palavras, na barra de espaço. Instantes que se seguem, infinitos encadeados que reclamam um sentido. São fluxo, água, vida: fluidez confusa que reclama conceitos com receio de cair na pura abstração. Linhas que se transformam em maçãs, seguramente vermelhas, como garantia de que não se confundam com todo o resto. Um pouco como eu só que sem mim.