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Estranho oráculo


Janelas abertas para um céu aos pedaços, gavetas fechadas que parecem abertas, cortinados indecisos que cobrem e descobrem. Coisas que, estou certa, já habitavam esses papéis que, para mim, jamais estão em branco. Minha sina é essa impositiva tarefa de revelar coisas que estavam todas escondidas no nada. Meio culposamente, sempre apressada, em luta com a negligência do desenho, com a imperícia  dos traçados a pincel, com a imprudência de trazer à tona segredos talvez. Obsessiva ocupação que me toma as mãos e a mente. Depois me pergunto se não faço do papel um estranho oráculo, ao qual consulto para saber de ti, habitando agora o infinito nada. Obsessiva ocupação para reinventar, todos os dias, a tua morte. Porque dela é a culpa de todas as coisas restarem assim tão confusas e inexplicadas. Mistério. 




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