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Mostrando postagens de abril, 2020

Juro

Dizem que não se deve desenhar coisas soltas. Que é preciso compor,  por aí entendendo dispor os objetos harmonicamente no espaço ou algo assim. Só que não. Tem horas que nada se deseja expressar senão que a expressão em si: o risco em si. Se o risco vira uma rosa, é apenas por detalhe. E foi por conta disso, exatamente, que os rabiscos acabaram por se parecer a rosas, assim, jorrando de algum lugar, aparecendo sozinhas, e juro que até o perfume delas eu cheguei a sentir.

Espontaneidade

Lembro bem quando foi. Tinha tantas coisas a fazer... mas enquanto pensava no que deveria fazer, ia riscando o papel. Uma raminho de flores. É isso. Daí para buscar as tintas, ― o azul e o rosa, pensei ―, nem um instante se passou. Pronto. Mais um rabisco. Porque se trata apenas de brincar. De riscar o papel. De colorir e pronto. Depois basta fotografar com o celular mesmo e descartar o rabisco. Simples assim. Mas só vale o que for espontâneo. Nada de caso pensado.

Só rindo mesmo

Como aconteceu? Não sei. Talvez tenha surgido do indeciso canto de céu ao alto, à esquerda, depois o amarelo, depois o que seriam folhas mas que no fim não foram, vencidas pelas linhas retas. Penso numa janela e pelo que de lá me observa. Escrevo isso e penso em paranoias. Afinal, por que uma folhagem me observaria? Só rindo mesmo... Escrevo cada bobagem!

Descombinar

As cores descombinadas são por conta da distração. O acaso se apropria da cor errada, e as pobres hortênsias como que terminam prontas para um Grenal. Nada a ver. Quem sabe um dia eu capriche? Não sei. Já pintei tantas tão obedientes às formas e às cores que um pouco de anarquia e de descombinação vêm bem.

Perplexidade

Bem assim. Olhar de quem não acredita naquilo de vê.

Mapas e trilhas

Dos mapas e esconderijos mais secretos eu desejo apenas os tesouros e as jornadas repletas de aventuras. Porque não existem perigos nem dramas com exceção daqueles que escolhemos para enfeitar as trilhas percorridas.

Três desejos

Então? Três rosas vermelhas. Cada uma vale um desejo. Não quer tentar?

Vermelhos

Que sejam fortes, densos, absolutos.

Cores

Porque às vezes é apenas pelas cores que se dá o traçado.  A forma nem sempre importa. Menos ainda, o sentido. Este eu deixo a cargo de quem olha.

Quando se desafina

Inexplicável. Há uma ideia. Uma sequência. Há cores escolhidas, e há o papel sobre o qual a coisa toda deveria acontecer. Mas como isso não é algo que se controle, eis que acontecem os tais quadrinhos azuis, muito feios por sinal. E, como se não bastasse, uma das flores não se decide e nos dá a face ou as costas. Os verdes se desassinalam. O resultado é um tema desafinado. Bem assim.

Triste saudade

Tristeza insiste.  Insiste tanto que se estampa.  Aparece sozinha e puxa os traços assim.  Vai moldando o desenho, as cores, o movimento.  Tristeza insiste.  No fundo, no fundo nem é tristeza: é mesmo saudade.  Uma triste saudade que não tem mais fim.