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Para o teu olhar

 Nada como um dia como outro qualquer. Em dias como outros quaisquer estamos em paz. Não aquela paz das bandeiras brancas e das pobres pombas com ramos de oliveira. Não a paz marketeira, que se vende como universal,  a paz barulhenta que sai em passeatas. A paz não é exibicionista. É discreta e silenciosa. Além disso, a paz verdadeira só existe em um lugar: no fundo da gente mesmo, no silêncio da casa em penumbra, na mudez da mensagem que não chegou. Há paz no esquecimento, no abandono, na inutilidade da dor. Há paz no infinito espectro da tua não existência. Porque há paz para além do desespero, de onde se pode contemplar o trágico, o que não faz sentido nem tem explicação. Paz é simplesmente o papel em branco sobre o qual atiro cores e riscos que fingem ser flores, que fingem ser luzes e janelas sempre abertas para o teu olhar.

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